top of page
Buscar

Vitamina C e o Coronavírus 2 - Vamos entender juntos?

biotec2you

Olá, vamos falar sobre o Coronavírus 2??



Iremos falar um pouco sobre uma proposta de tratamento utilizando a Vitamina C, vamos debater com a gente??


Todo mundo está super atento as notícias sobre o COVID-19, essa pandemia que movimentou o mundo inteiro não só no contexto da saúde em si, mas a ciência também está a mil, nunca se produziu tanto conteúdo, tantos artigos, tantos experimentos sobre uma enfermidade.


Diante disso, várias hipóteses existentes e uma diversidade de mentes pensantes para tentar achar um tratamento eficaz, uma profilaxia... uma esperança.


Hoje iremos falar um pouco sobre esse artigo: Intravenous high-dose vitamin C for the treatment of severe COVID-19: study protocol for a multicentre randomised controlled trial [1]


Esse artigo traz um ensaio clínico prospectivo randomizado controlado por placebo e que utiliza a vitamina C como sugestão de tratamento, esse artigo ainda traz dados incompletos porque o estudo finalizará em 30 de setembro.


Mas vamos tentar entender a proposta?


A imunopatologia do coronavírus 2 (figura 1) é bem complexa e a corrida para o entendimento é grande, mas sabe-se que os casos são divididos em: assintomáticos, moderados ou grave, caracterizado por lesão pulmonar aguda fatal (LPA) e síndrome da angústia respiratória aguda (SARA).


O curso clínico do COVID-19 pode se apresentar em três quadros clínicos distintos. O quadro inicial que é caracterizado por uma replicação acentuada do vírus acompanhada de febre, tosse e outros sintomas, que cedem em poucos dias.


O segundo quadro clínico é associado a febre alta, hipoxemia e progressão para sintomas semelhantes aos da pneumonia, apesar de um declínio progressivo nos títulos do vírus no final deste quadro [2].


Durante o terceiro quadro, ∼20% dos pacientes apresentam progressão para SARA, que frequentemente resulta em morte [3,4]. Por causa de um declínio progressivo nos títulos virais, acredita-se que a terceira fase seja o resultado de respostas inflamatórias exuberantes do hospedeiro. O que isso quer dizer?



Figura 1. Resposta imune do hospedeiro e imunopatologia durante infecção por síndrome respiratória aguda grave por coronavírus 2 (SARS-CoV-2). O SARS-CoV-2 infecta células que expressam os receptores de superfície da enzima conversora de angiotensina 2 (ACE2) e da serina protease transmembranar 2(TMPRSS2) e acarreta uma cascata de reações levando a “tempestade de citocinas”. Imagem obtida [5]



Acredita-se que há uma resposta exagerada no quadro clínico três. Todo mundo sabe da importância das citocinas e das quimocinas na imunidade e na imunopatologia durante as infecções virais. Uma resposta imune inata rápida e bem coordenada é a primeira linha de defesa contra infecções virais, mas respostas imunes desreguladas e excessivas podem causar uma imunopatologia [5, 6, 7, 8].


Embora não haja evidência direta para o envolvimento de citocinas e quimiocinas pró-inflamatórias na patologia pulmonar durante a infecção, evidências sugerem que o quadro clinico grave da doença seja uma resposta hiperinflamatória na patogênese do coronavírus 2 [5].

Entendendo isso, é compreensível que se tenham ensaios clínicos utilizando a Vitamina C como forma de tratamento.


Vamos falar um pouco da vitamina C e conhecer esse medicamento tão comum e frequente pra nós brasileiros?


A vitamina C ou ácido ascórbico (AA) é essencial à saúde, onde desempenha papel fundamental no desenvolvimento e regeneração de diversos tecidos, assim como na formação do colágeno, na regulação da temperatura corporal, na produção de diversos hormônios e no metabolismo em geral, incluindo o sistema imune, onde o AA está envolvido em várias funções celulares do sistema imunológico inato e adaptativo [9].


A falta de AA no organismo pode resultar em doenças, como o escorbuto, que é letal se não tratada. Não somos capazes de produzir essa substância sendo necessário a ingestão de alimentos ricos em AA, os quais são produzidos pelas plantas.


E nas plantas? Pra que serve o AA?


Nas plantas o AA é um dos mais importantes antioxidantes protegendo-as do estresse oxidativo, sendo extremamente necessário no desenvolvimento da planta (divisão e expansão celular, na formação de parede celular, principalmente durante o crescimento das plantas), assim como atuando como cofator de várias reações enzimáticas [10].


Diferente dos compostos que falamos anteriormente que você pode verificar aqui, o AA ainda faz parte do metabolismo primário e sua via biossintética mais aceita é através da L- galactose [11].


Seu papel no sistema imune é devido ao seu acúmulo nas células fagocíticas, como os neutrófilos e macrófagos aumentando a quimiotaxia, o potencial fagocitário e possibilitando maior produção de espécies reativas de oxigênio, também é capaz de possibilitar a maior diferenciação e proliferação de células B e T (Figura 2).


Em contrapartida, o AA também leva a apoptose e eliminação de neutrófilos evitando dano tecidual em respostas exageradas [12]. Além disso, a vitamina C promove a atividade linfocítica e neutrofílica enquanto atenua a necrose de neutrófilos e NETose (armadilha extracelular de neutrófilos), que contribui para a falha de múltiplos órgãos [13].



Figura 2. Esta imagem ilustra os diversos efeitos da vitamina C em altas doses num quadro SARA induzida por sepse, também aplicada por via intravenosa. Onde houver estrela laranja [] são os possíveis alvos terapêuticos. A figura ilustra um alvéolo humano durante a sepse. Imagem obtida [13].

Diante de todas essas informações, o artigo utilizou um grupo composto por 154 pacientes, os quais receberam de forma intravenosa 24 g de Vitamina C diluída em água estéril por dia, durante 7 dias (Vale salientar que a quantidade diária recomendada para adultos é de 90 mg, para os homens; e de 75 mg, para mulheres. O consumo não deve exceder o limite de 2 g de vitamina C por dia, através da via oral devido a absorção intestinal).


Os autores acreditam que a “tempestade de citocinas” que é o termo usado para falar sobre a imunopatologia do COVID-19 em pacientes graves poderá ser suprimida [1], indicando ser uma proposta segura e terapêutica na medicina intensiva principalmente no tratamento de choque séptico e falência de múltiplos órgãos, assim podendo reduzir a mortalidade dos pacientes [13].


Prevendo também que a administração da Vitamina C possa melhorar a função pulmonar e reduzir a mortalidade em pacientes com COVID-19.


Conclusão


Diante do que foi visto e dos relatos na literatura há evidencias que nos levam a acreditar que a vitamina C possa surtir efeito e diminuir os danos de pacientes em estado grave do COVID-19. No entanto, vale ressaltar que esse estudo ainda encontra-se em andamento, com isso é preciso considerar que existem incertezas durante a implementação.


Aguardaremos as novidades acerca do uso dessa vitamina tão comum em nosso dia a dia.


Gostou? Tem alguma opinião? Deixe seu comentário e vamos discutir sobre o tema!

Nos ajude a divulgar a ciência, compartilhe com os amigos!!


Até o próximo post.




Referências


[1] F. Liu, Y. Zhu, J. Zhang, Y. Li, Z. Peng, Intravenous high-dose vitamin C for the treatment of severe COVID-19: Study protocol for a multicentre randomised controlled trial, BMJ Open. 10 (2020). https://doi.org/10.1136/bmjopen-2020-039519.

[2] J.S.M. Peiris, C.M. Chu, V.C.C. Cheng, K.S. Chan, I.F.N. Hung, L.L.M. Poon, K.I. Law, B.S.F. Tang, T.Y.W. Hon, C.S. Chan, K.H. Chan, J.S.C. Ng, B.J. Zheng, W.L. Ng, R.W.M. Lai, Y. Guan, K.Y. Yuen, Clinical progression and viral load in a community outbreak of coronavirus-associated SARS pneumonia: A prospective study, Lancet. 361 (2003) 1767–1772. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(03)13412-5.

[3] J. Nicholls, X.P. Dong, G. Jiang, M. Peiris, SARS: Clinical virology and pathogenesis, Respirology. 8 (2003) S6. https://doi.org/10.1046/j.1440-1843.2003.00517.x.

[4] J.M.A. van den Brand, B.L. Haagmans, D. van Riel, A.D.M.E. Osterhaus, T. Kuiken, The pathology and pathogenesis of experimental severe acute respiratory syndrome and influenza in animal models, J. Comp. Pathol. 151 (2014) 83–112. https://doi.org/10.1016/j.jcpa.2014.01.004.

[5] L.S.F. Frederiksen, Y. Zhang, C. Foged, A. Thakur, The Long Road Toward COVID-19 Herd Immunity: Vaccine Platform Technologies and Mass Immunization Strategies, Front. Immunol. 11 (2020) 1817. https://doi.org/10.3389/fimmu.2020.01817.

[6] R. Channappanavar, S. Perlman, Pathogenic human coronavirus infections: causes and consequences of cytokine storm and immunopathology, Semin. Immunopathol. 39 (2017) 529–539. https://doi.org/10.1007/s00281-017-0629-x.

[7] S. Davidson, M.K. Maini, A. Wack, Disease-promoting effects of type i interferons in viral, bacterial, and coinfections, J. Interf. Cytokine Res. 35 (2015) 252–264. https://doi.org/10.1089/jir.2014.0227.

[8] A.C. Shaw, D.R. Goldstein, R.R. Montgomery, Age-dependent dysregulation of innate immunity, Nat. Rev. Immunol. 13 (2013) 875–887. https://doi.org/10.1038/nri3547.

[9] L. Wang, Y. Gao, J. Li, M. Subirade, Y. Song, L. Liang, Effect of resveratrol or ascorbic acid on the stability of α-tocopherol in O/W emulsions stabilized by whey protein isolate: Simultaneous encapsulation of the vitamin and the protective antioxidant, Food Chem. 196 (2016) 466–474. https://doi.org/10.1016/j.foodchem.2015.09.071.

[10] A. Szarka, B. Tomasskovics, G. Bánhegyi, The ascorbate-glutathione-α-tocopherol triad in abiotic stress response, Int. J. Mol. Sci. 13 (2012) 4458–4483. https://doi.org/10.3390/ijms13044458.

[11] G.L. Wheeler, M.A. Jones, N. Smirnoff, The biosynthetic pathway of vitamin C in higher plants, Nature. 393 (1998) 365–369. https://doi.org/10.1038/30728.

[12] J. Schloss, R. Lauche, J. Harnett, N. Hannan, D. Brown, T. Greenfield, A. Steel, Rapid review of Systematic reviews on the efficacy and safety of Vitamin C in the management of Acute Respiratory Infection and Disease, Adv. Integr. Med. (2020). https://doi.org/10.1016/j.aimed.2020.07.008.

[13] M.G. Kashiouris, M. L’heureux, C.A. Cable, B.J. Fisher, S.W. Leichtle, A.A. Fowler, The emerging role of vitamin C as a treatment for sepsis, Nutrients. 12 (2020) 292. https://doi.org/10.3390/nu12020292.



62 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


Post: Blog2_Post

©2020 por Biotec2u. Orgulhosamente criado com Wix.com

bottom of page